FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Carlos Henrique de Brito Cruz apresentou aos calouros os principios do conhecimento científico e sua importância para o desenvolvimento da sociedade

A Escola Politécnica da USP realiza, todos os anos, uma aula inaugural com uma autoridade para falar aos novos alunos. O evento é um dos poucos momentos em que os 870 calouros que ingressam na Escola se reúnem para receber informações sobre as atividades que os aguardam nos próximos 5 anos. Em 2015, a diretoria da Escola convidou o diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Carlos Henrique de Brito Cruz, professor no Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1978.

Brito Cruz iniciou sua palestra parabenizando os alunos pelo ingresso na melhor universidade do país, lembrando a estatística de que poucos brasileiros tem acesso ao ensino superior, e falou sobre a ciência e a engenharia no mundo moderno e no Brasil. Formado em engenharia, ele focou sua palestra no que considera o assunto dos engenheiros: ter ideias. Seja para fazer algo novo, ou para melhorar o que já existe, em todos os assuntos. O pesquisador apresentou o mundo das novas ideias e como estas ideias tem mudado o mundo ao longo da história. “As ideias aplicadas mudam o jeito que o mundo funciona e melhoram a vida de muitas outras pessoas além daquela que teve a ideia”.

Tomando por exemplo a necessidade de novas ideias na busca por longevidade e qualidade de vida, Brito apresentou um gráfico da expectativa de vida dos seres humanos ao longo da história. Enquanto na pré-história os homens tinham uma expectativa de viver 20 anos, as ideias aumentaram este número, nos anos 2000, para cerca de 80 anos, e a expectativa dos pesquisadores é que, superado o controle da hipertensão, seja possível aumentar essa expectativa para mais de 100 anos. A partir do momento em que a expectativa de vida aumenta, e com o aumento da população, passa a ser necessária uma série de outros recursos ambientais, e por isso é preciso que novas ideias solucionem novos problemas, como produzir mais com cada vez menos. “O mundo precisa constantemente de novas ideias, porque muitas das ideias boas geram problemas que depois alguém terá que resolver lá na frente”, lembrando que “o papel das pessoas que têm ideias nunca vai deixar de existir no mundo. Pode acontecer que o papel das pessoas que tiram ouro das montanhas termine, porque uma hora pode acabar o ouro nas montanhas. O papel das pessoas que sabem tirar petróleo do mar ou da terra também pode acabar. Mas o papel para a humanidade das pessoas que sabem ter ideia nunca vai acabar, pois sempre vai precisar de gente que tem ideia para fazer as coisas melhores”.

O diretor da Poli-USP, professor José Roberto Castilho Piqueira, ressaltou a importância do contato dos estudantes com um cientista e representante de uma instituição de fomento à pesquisa, já que a partir deste momento eles se tornam potenciais produtores de conhecimento, o que trará para a sociedade o retorno do investimento em universidades públicas, em melhoria de qualidade de vida para a população.

Para o palestrante, atividades extracurriculares, como centros acadêmicos, projetos de extensão e iniciação científica, ajudam os alunos a conectar a importância do que ele aprende em seu curso com a realidade. Brito concluiu a sua palestra apresentando um painel com 255 empresas originadas na Unicamp, universidade da qual foi reitor de 2002 a 2005, deixando como mensagem final sua expectativa de que os jovens que ingressam na Poli mudem e melhorem o Brasil quando se formarem. Espera-se que a universidade tenha impacto na sociedade.

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